terça-feira, 20 de março de 2012

Este país: as empresas de recrutamento.

Ora vai que eu hoje me enchi de coragem e paciência e lá fui visitar e registar-me em duas empresas de recrutamento. 

O 1º contacto:
Começa logo mal, porque assim que se entra, leva-se logo de chapa a palavra "Temporário" escrito a letras gordas e num local estratégico, para que ninguém vá para lá a achar que vai encontrar um emprego de sonho ou estável. "Naaa, meus meninos, aqui é só precariedade, está bem? Proooonto."

O ambiente:
Pois que se chega a estas empresas armadas ao pingarelho e, enquanto esperamos, só vemos pessoas de cabeça baixa, sem expectativas nenhumas e que, de vez em quando, dizem alto nas chamadas "entrevistas" (pfff, é isso é...) que só têm a 4ª classe, quanto muito o 9º ano, que têm três ou quatro filhos, que já emigraram mas ficaram na pobreza... enfim, situações de carência muito complicadas. Seria, por isso, de esperar que do outro lado estivesse alguém que pelo menos os olhasse nos olhos, mas não. Só olham para um computador, registam o que têm a registar e rematam com um "Bom dia e obrigado".

A vaidade:
Numa das empresas a que fui, os funcionários estavam tão aperaltados, que não conseguiam fazer com que alguém que lá estava a candidatar-se se sentisse bem. Ele é fatinhos, saltos de agulha, unhas enormes e com verniz que nunca privou com um detergente ou esfregão da louça, maquilhagem de festa e outras tretas que tais. Ehhh... qual é o objetivo? Envergonhar alguém? É que não conseguem, está bem? Nem a vossa tarefa é assim tão especial que vos exija essa fachada toda.

A análise das habilitações:
Eles são técnicos de recursos humanos, certo? Eles estão habilitados e preparados para lidar com as pessoas, correto? Eles estão ali porque querem estar ali, verdade? Então deviam saber que há pessoas com mais e menos habilitações e que se estão ali, é porque a todas as outras portas a que bateram não conseguiram nada, suponho que percebam isto. Fiquei hoje com a nítida sensação que estas empresas têm interesse é em pessoal pouco qualificado, que não chateie nem exija muito, que não saiba mais do que é conveniente a quem pediu uma pesquisa de candidatos. O meu CV já está muito reduzido em relação à realidade e nem assim. Mas muito sinceramente, acho que nem tem a ver com o CV. Se não é uma coisa, é outra. Se fosse de calças de ganga, sapatilhas e uma qualquer t-shirt, se calhar tinha mais sucesso. 
Ainda bem que estou a lidar com pessoas habilitadas, olha se não estivesse.

As expectativas:
Seria de esperar - penso eu - que uma empresa de recrutamento soubesse desde logo informar se há ou não possibilidade de um dado candidato poder ser ou não chamado para uma eventual oferta, tendo em conta que está ali a lidar diretamente com ele e com o seu perfil pessoal e profissional. Mas não. Não reagem, são computadores com braços e só registam o que está no currículo em papel, porque (dizem) não estão autorizados a ter lá currículos em papel. Ahhh, está bem. Quer dizer, desloco-me a uma empresa destas para quê, concretamente, expliquem-me lá outra vez...?

O balanço final:
Não é por aqui o caminho. Pelo menos, tentei, mas nem dei tempo à cabeça de criar expectativas, o que é muito bom.
Já vi tudo o que tinha a ver por estes lados. Vamos à próxima alternativa.


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