Acabo de ligar para um serviço municipalizado para dar a contagem da água. Do outro lado, atende-me uma senhora cheia de sono e com voz de quem quer é que não a chateiem, que não lhe pagam para estar a atender telefones e com isso interromper qualquer que seja a sua outra atividade. E foi assim:
- Bom dia! Queria dar a contagem da água, por favor.
- Qual é o número do cliente?
- (...)
- (... - diz o nome da pessoa) - é assim?
- Sim, exatamente.
- E qual é a contagem?
- (...)
- É isto?
- É sim, obrigada. Bom d...
E desliga-me o telefone.
Portanto, a senhora estava sem vontade a atender, em todo o diálogo nem um "bom dia", nem "obrigada", nem "por favor", pergunta-me com a sua melhor voz de tédio "É isto?" e, não bastasse a apatia (para não dizer pura displicência), desliga-me o telefone enquanto eu estou a despedir-me calmamente e a agradecer por um serviço de péssima qualidade.
Eu sei que trabalhar às vezes cansa e chateia, mas ó senhora... saia lá daí e deixe trabalhar quem quer trabalhar! Eu nem gosto da crítica banalizada ao funcionalismo público, mas isto - não sendo aparentemente nada de especial - é demais. E depois querem-me convencer que estes funcionários da câmara passam todos por processos morosos, exigentes, cheios de provas de conhecimentos sobre legislações, direitos, deveres e por aí fora para serem recrutados. Deve ser, deve. Agora percebo porque me perguntaram numa entrevista se eu era calma e organizada a atender telefonemas. É que sendo, devo ter logo definido a minha sentença de morte para o cargo. Que revolta.