O meu pai sempre me disse que os mais prejudicados no nosso país sempre foram e serão aqueles que pertencem à classe média. E é verdade, cada vez mais se constata isso mesmo.
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A classe média, à qual considero que pertenço, é a que paga os maiores impostos, as maiores deduções para a Segurança Social, as maiores rendas, as maiores mensalidades em tudo o que é serviço médico, de transportes e afins, só pelo simples facto de se ganhar (ou de considerarem, porque nem sempre isto acontece) que se ganha pelo menos o salário mínimo nacional. Ou seja, se eu ganhar mais de 485 Euros, o que é uma bestialidade e dá para ter uma vida totalmente tranquila e desafogada (ironia) , sou considerada pertencente à classe média e, portanto, pago as taxas máximas em quase tudo. Se eu ganhar 484 Euros, então já pertenço a uma classe inferior e pago quase tudo com reduções de taxa e tenho direito a uma série de isenções. Que lógica tem isto? Serão 485 Euros garante de alguma condição especial de nível de vida?
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Da classe alta, já nem falo. Concordo em absoluto que pague uma percentagem fixa sobre o que ganha. Haverá também muitas injustiças na aplicação cega de regras de cálculo, mas sobre este assunto não estou devidamente informada e não tenho grande opinião. Se algum dia lá chegar, lá me preocuparei com isso.
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Agora o que me lixa é a classe baixa. Não os que passam verdadeiras dificuldades, é lógico. Mas a classe baixa que se queixa constantemente e que não tem razões para isso. A classe que tem muitas isenções e reduções nas taxas moderadoras, nos transportes e nas rendas sociais de habitação, que tem benesses em serviços públicos, que tem subsídios para tudo e mais alguma coisa. Essa classe vive muito melhor do que eu (não é difícil) e muitos, que andamos aqui na classe média - que pagamos contas astronómicas por um arrendamento, pela luz, pela água, por serviços de saúde, pelos transportes, por trabalharmos, quase por respirarmos! E que lutamos tanto tempo e com tanto esforço para conseguir uma coisa de cada vez e não conseguimos. E que não temos direito a uma única redução, isenção, desconto - nada! E que andamos a pagar os nossos impostos para os que estão parados, à espera que lhes caia o subsídio ou a pensão na conta.
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Portanto, quem é honesto, trabalha e cumpre as suas obrigações, é prejudicado. Quem se deixa andar, tem benefícios e ainda se queixa, tem ajudas para qualquer lado que se vire. É mesmo de bradar aos céus.
Que país injusto, este.