quarta-feira, 6 de março de 2013

A injustiça das classes.

O meu pai sempre me disse que os mais prejudicados no nosso país sempre foram e serão aqueles que pertencem à classe média. E é verdade, cada vez mais se constata isso mesmo.
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A classe média, à qual considero que pertenço, é a que paga os maiores impostos, as maiores deduções para a Segurança Social, as maiores rendas, as maiores mensalidades em tudo o que é serviço médico, de transportes e afins, só pelo simples facto de se ganhar (ou de considerarem, porque nem sempre isto acontece) que se ganha pelo menos o salário mínimo nacional. Ou seja, se eu ganhar mais de 485 Euros, o que é uma bestialidade e dá para ter uma vida totalmente tranquila e desafogada (ironia) , sou considerada pertencente à classe média e, portanto, pago as taxas máximas em quase tudo. Se eu ganhar 484 Euros, então já pertenço a uma classe inferior e pago quase tudo com reduções de taxa e tenho direito a uma série de isenções. Que lógica tem isto? Serão 485 Euros garante de alguma condição especial de nível de vida?
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Da classe alta, já nem falo. Concordo em absoluto que pague uma percentagem fixa sobre o que ganha. Haverá também muitas injustiças na aplicação cega de regras de cálculo, mas sobre este assunto não estou devidamente informada e não tenho grande opinião. Se algum dia lá chegar, lá me preocuparei com isso.
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Agora o que me lixa é a classe baixa. Não os que passam verdadeiras dificuldades, é lógico. Mas a classe baixa que se queixa constantemente e que não tem razões para isso. A classe que tem muitas isenções e reduções nas taxas moderadoras, nos transportes e nas rendas sociais de habitação, que tem benesses em serviços públicos, que tem subsídios para tudo e mais alguma coisa. Essa classe vive muito melhor do que eu (não é difícil) e muitos, que andamos aqui na classe média - que pagamos contas astronómicas por um arrendamento, pela luz, pela água, por serviços de saúde, pelos transportes, por trabalharmos, quase por respirarmos! E que lutamos tanto tempo e com tanto esforço para conseguir uma coisa de cada vez e não conseguimos. E que não temos direito a uma única redução, isenção, desconto - nada! E que andamos a pagar os nossos impostos para os que estão parados, à espera que lhes caia o subsídio ou a pensão na conta. 
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Portanto, quem é honesto, trabalha e cumpre as suas obrigações, é prejudicado. Quem se deixa andar, tem benefícios e ainda se queixa, tem ajudas para qualquer lado que se vire. É mesmo de bradar aos céus.
Que país injusto, este.

5 comentários:

Sílvia disse...

Sinceramente acho que cada vez mais quem é honesto não se safa neste país, só se safam os aldrabões, os chicos-espertos e aqueles que mais prejudicam o próximo.

Joana disse...


Triste, mas verdade...

S* disse...

Tendo em conta a situação do país, acabo por considerar classe média toda a classe trabalhadora... e sem dúvida alguma que é a mais sacrificada.

Boboquinha disse...

Também levei tempo a "bater com a cabeça nas paredes" para entender que a classe baixa tem facilidades para aceder a cursos de formação, preferencia, recebe subsídios e ganham mais dinheiro que eu pela porta do cavalo, têm casas, etc. Não digo que são todos mas já se sabe que existe um grande número de "inserções sociais" de treta - e o tal do rendimento de inserção social às tantas foi uma via-rápida para o estado de crise em que estamos. SIM, ajudem as pessoas. Mas na classe média estão muitos "entalados", enrascados, a que o dinheiro mal chega ao final do mês. E têm de pagar a alimentação, não recorrem a um banco alimentar, têm de pagar as despesas com os filhos. ENfim, Cada caso é um caso mas sim, o teu pai tem razão.

Joana disse...

S* e Boboquinha:

Sem qualquer dúvida. E tanto mais haveria a dizer...