quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Os meus amigos e os amigos dele.

Nunca achei que, numa relação, os amigos de um devam ser, necessariamente, os amigos do outro. À partida, sem contar com aqueles casos em que as pessoas se conhecem há anos e só depois descobrem que estão apaixonadas, os dois elementos da relação vêm de locais, contextos e passados diferentes que se mostram, necessariamente, preenchidos com pessoas diferentes.

Por acaso, eu conheci o J. através de um amigo comum. Mas cedo esse amigo deixou de ser o único dos amigos comuns. Todo aquele meu grupo - incluindo eu, naturalmente - nos tornámos seus (do J.) amigos. Já no outro sentido, a coisa não funcionou assim. Eu conheci os amigos dele e com nenhum senti qualquer tipo de amizade; simpatia, sim (por dois, apenas), mas nada mais que isso. Sempre esclarecemos bem isso de início, que eles não eram meus amigos e que só estava com eles quando e se o J. desejasse que eu estivesse. Ele quis sempre, por sinal, mas em dezembro passado muitas coisas mudaram e uma delas foi essa. Esses supostos "amigos" do J. falharam TODOS naquilo a que chamam amizade - não estiveram lá num momento crucial da vida do J. em que tudo, de repente, pareceu deixar de fazer sentido. Não compreendi e não desculpei - o desrespeito atroz para com a pessoa que amava (e amo) e que via ali, destroçada e sem qualquer força, não teve limites. E aí, marquei uma posição - a partir daquele momento nunca mais iria estar com eles, porque simplesmente não valem a pena. E não teve a ver com ter maior ou menor afinidade com eles - podiam até ter sido as pessoas mais próximas; aquilo simplesmente não se faz e essa teria sido sempre a minha atitude. 

Agora chegam as palavrinhas cheias de cuidados do tipo "já nos conhecemos há tanto tempo, não vamos estragar uma amizade de infância" e eu estou a ver o desfecho. Se o J. os perdoar - e essa é uma decisão inteiramente dele - acho mal, mas aceito (tenho de aceitar); eu não os perdoo e não tenho qualquer prova de amizade por parte deles - nem em relação a mim, nem em relação ao J. - que me faça sequer ponderar se vale a pena voltar atrás na minha decisão. Já ele, duvido que tenha em relação a eles a atitude que eles mereciam da parte dele. Mas também não serei eu a contrariar alguma atitude que o J. queira ter - são os "amigos" dele. Não são os meus.

No meio desta coisa toda, uma das minhas maiores alegrias é que os meus amigos - que rapidamente e de forma genuína se tornaram também nos melhores amigos do J. - não nos falham e provaram já muitas vezes o valor e o carinho que têm por nós. Não é fácil passar o que passámos e nem por um momento nos sentimos esquecidos ou substituídos por desculpas. Já no caso destes espécimes, uns adolescentes que se dizem adultos e que, afinal, são um bando de irresponsáveis imaturos que acham que amizade são só jantaradas e carros, só lhes "cairá a ficha" quando passarem por uma situação idêntica e virem o quanto importa ter a nosso lado quem nos quer bem. E estar lá nesses momentos, sem desculpas e sempre com um abraço e um ombro para chorar, seja de alegria, seja de tristeza, é a verdadeira amizade.

1 comentário:

Luisa disse...

É como o povo diz: é nos maus momentos que percebemos quem são de facto os verdadeiros amigos.
Infelizmente o teu J. deve ter percebido que os amigos dele só querem é festa.