terça-feira, 9 de setembro de 2014

Viram-me por dentro. Estou oficialmente assustada.

Hoje, a atender uma pessoa na empresa, percebo que ela me olha de forma estranha. Mais estranha a coisa se tornou quando, após uma longa conversa relacionada com negócios, ela me pede, delicadamente, que eu lhe escreva numa folha o meu nome completo e a minha data de nascimento. 

- Como? - disse eu.
- Faça isso por favor. Eu sou terapeuta e estou a detetar algo em si.

Eu, na minha cara de pânico, começo a hesitar. Diz-me ela:
- Não se preocupe que isto é medicina, não é espiritismo, nem bruxaria, nem nada do género.
- Que tipo de medicina é, então?
- Chama-se medicina energética. Não se preocupe mesmo. Daqui a 10 minutos ligo-lhe e já falamos melhor. Por agora, escreva só isso, por favor.

Eu lá escrevi (como me arrependo, meu Deus!) e passados 10 minutos lá me liga ela. Começa, então, a dizer montes de coisas e o cenário é praticamente um buraco negro - do mais breu que há. Que eu tenho um problema grave de fígado, que tenho o fígado bloqueado e saturado, que o meu problema está entre o fígado e o baço com ligação ao intestino, que tenho um parasita que me impede de engordar, que o facto de ser magra é doença e não genética e que é algo que os médicos nunca descobrirão, que tenho propensão para o colesterol alto (quem não tem?) e indícios de vir a sofrer de hepatite C e - não bastasse - até leucemia (!!).

Como é que uma pessoa reage a isto? Digam-me, se souberem, que eu estou perdida. Eu sou extremamente objetiva e não acredito em nada para além de factos científicos. Mas a verdade é que também acredito que somos energia e tudo à nossa volta o é. Não sofro do fígado (que saiba!), nem tenho sintomas de nada de âmbito digestivo, imunitário ou genético. Mas, por momentos, duvidei de tudo.

Apesar de isto me soar muito a balela e de eu ser pessoa mais cética possível em relação a estas coisas, não é fácil "pintarem-nos" este cenário e passarmos à frente com toda a leveza do mundo. Pelo sim, pelo não, acho que vou à minha médica de família pedir umas análises o quanto antess.

(A sério, ponham-se no meu lugar. De repente, cai-nos tudo. Eu nem imagio que amanhã vou ter de tratar novamente de negócios com a "terapeuta". Só de pensar nisso, tremo.)

5 comentários:

Eduardo disse...

Eu teria respondido que o nome e a data de nascimento que dei não eram os corretos, só para ver a reação.
Como é que reagiria a isso? Provavelmente, iria fazer análises se isso me afetasse. Aquilo que te disseram a ti, poderiam ter-me dito a mim, já que sou magro e tenho, de facto, o colesterol elevado.
Isso não soa a balela; isso é balela. A ideia é ver se cola e se vais atrás dela para começares a fazer "tratamentos" de energia ou lá o que for e deixar que o efeito placebo faça o resto. Ela até pode não ser mal intencionada e ter caído também na armadilha e com isso pensar que te está a ajudar.
Se o nome e a data de nascimento fossem relevantes para diagnosticar uma pessoa, não era preciso mais nada no nosso sistema de saúde. Engraçado que ela a olhar para ti detetou algo de errado, mas sendo terapeuta ainda precisou de saber o nome completo.

Sílvia disse...

Eh pah não sei que te diga. Eu não sou nada dessas coisas mas de vez em quando há pessoas que dizem umas coisas e não falham muito. Não sei se é intuição ou se realmente conseguem "ver" alguma coisa, mas há determinadas situações que não se explicam :s

Joana disse...

Sílvia,

Podes crer. É muito assustador, mesmo que eu continue a (querer) achar que é tudo uma "tanga".

Eduardo,

Eu quero concordar contigo, porque é esse o meu entendimento, também. Sou extremamente racional e custa-me imenso acreditar numa qualquer destas palavras. No entanto, há alguma coisa sempre que fica "cá" a moer. Mas, e a falar muito a sério, agradeço muito o "puxar à Terra" do teu comentário, porque me fizeste encontrar ainda mais defeitos na teoria da "terapeuta" e consolidar a minha tentativa de rejeitar o que seja que possa ficar a remoer cá dentro. Obrigada pelas palavras, sinceramente :)

Eduardo disse...

Da mesma forma que se ela te dissesse que via em ti algo de bom a caminho, tu pensavas em várias coisas e pelo sim, pelo não, jogavas no euromilhões.
Não ligues a isso. Faz as análises se não fazes há bastante tempo. Não porque ela disse isso, mas porque o que ela te disse te fez lembrar que não fazes há bastante tempo.

Joana disse...

Verdade, foi com esse espírito que acordei hoje. Relativizei tudo e estou agora a levar as coisas com normalidade. E tens toda a razão; que aquilo apenas me tenha servido para me lembrar que não faço análises há um ano! ;)

Obrigada, Eduardo, a sério! Tens toda a razão e ajudaste-me bastante, posso-te dizer. A cabeça às vezes precisa mesmo destes "ice buckets" :)

Obrigada.