quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ontem, na televisão.

Ontem a RTP apresentou uma grande reportagem sobre o cancro da mama e sobre a forma como mulheres e médicos vivem este drama. A peça foi estruturada em sentido crescente, ou seja, a jornalista acompanhou (e "vendeu" bem essa ideia na promoção do seu programa) uma mulher desde o momento em que lhe foi diagnosticado o cancro até à reconstrução mamária. O pior foi que foi tudo gravado, qual reality show. Foram mostrados todos os momentos dessa caminhada, as lágrimas, os reconfortos, os desesperos, etc.
Eu não vi esta reportagem, porque me revoltei com isto. Apenas a ouvi ao longe e foi o suficiente para sentir uma enorme frustração por este tipo de jornalismo. A que mundo chegamos nós, que quer ver o drama e as lágrimas de uma mulher, que a acompanha desde que lhe dizem que tem cancro (tipo Ed TV) até ao passo final rumo à recuperação? Que nos traz isto de bom? Não me digam que informa, porque não é deste tipo de informação de que precisamos. Não me digam que faz o retrato real, porque há uma diferença entre retratar e fazer daquilo um espetáculo.
Há muitas formas de mostrar a realidade e de a explicar. Ontem, a RTP1 e a Mafalda Gameiro puseram, para mim, claramente a "pata na poça". O objetivo podia ser o melhor, mas toda a ideia da reportagem foi muito mal pensada. Uma tristeza de ver e uma desilusão daquele que considero o melhor jornalismo que se faz em Portugal. Ontem, no entanto, vacilei um pouco nesta avaliação.


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