terça-feira, 8 de julho de 2014

Os pais também mentem?

Outro dia, enquanto estava na minha jornada de 6 horas a passar roupa a ferro (sim, eu mereço umas férias, também concordo!), vi o progarama "Alta Definição", com Luísa Castel-Branco como convidada. Das muitas coisas que disse sobre a vida, prestei especial atenção à forma como falou da saúde, da fragilidade e da relação com os filhos e netos. E entre esses desabafos, disse uma coisa que realmente me incomodou, por eu crer ser verdade na minha própria realidade: que os pais nunca são totalmente francos com os filhos em relação à sua saúde, que nunca contam toda a verdade, porque isso é ser pai. Naquela hora confesso que "transportei" essa informação para a minha vida e só consegui dizer uma coisa, que completava o que a convidada havia dito: "... que é um ato bem egoísta, por sinal".

Das coisas que mais temo na vida é perder os meus pais. A mínima questão de saúde relacionada com eles deixa-me com uma ansiedade tremenda; a espera de resultados então deixa-me alterada por completo. Sei que a vida não dura para sempre e tudo tem um fim - e que esse fim chegará inevitavelmente. Cada dia que passa, aceito mais as coisas, mas custa muito pensar - só pensar - nisso. 

Já passei por situações nada leves com os meus pais e que foram superadas sem que eu tivesse a real noção das coisas, precisamente porque cumpriram esse tal papel - que eu, apesar de compreender, volto a dizer que acho imensamente egoísta - de não me dizerem toda a verdade. Foi-me dada a verdade conveniente para não sofrer. Percebo a lógica, compreendo que um pai faz tudo para não ver um filho sofrer, mas, com isso, não estará a criar uma ilusão de algo que, inevitavelmente, vai ser posto a descoberto e sabido, mais cedo ou mais tarde? Será essa queda inferior à primeira, a tal anestesiada pela ilusão?

Sempre pedi e peço aos meus pais para serem totalmente francos comigo e me dizerem TUDO em relação à sua saúde, porque pode realmente fazer a diferença, se algo surgir. Não se trata de apaziguar dores, trata-se de lutar em conjunto e tentar vencer os "bichos" que possam surgir no nosso caminho. No entanto, e quase tão certo como eu me chamar Joana, aposto que tal nunca será exatamente assim, por mais que me garantam que sim, porque os bons pais pensam exatamente da forma que a Luísa Castel-Branco: sabendo que é errada, sabem também que é exatamente a certa para não roubar 1mm que seja à felicidade dos filhos.

Percebo tudo isto. Mas que a garantia dos meus pais seja real, é só isso que peço.
  

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