segunda-feira, 17 de junho de 2013

Isto de se recrutar pessoas.

Esta coisa de se ter de assumir um papel de recrutador, é lixada. As primeiras impressões podem ser falíveis, a empatia criada pode ser falsa (da parte dos candidatos, neste caso) e as atitudes podem deitar logo tudo a perder. 


Desde que abri a minha empresa e necessito de selecionar colaboradores, que me tenho vindo a aperceber que nem uma ínfima parte deles faz questão de fazer algum tipo de sacrifício para trabalhar, nem tem a humildade para perceber que se começa por baixo. Muitos deles vêm de cabeça empinada, a achar que são precisamente eles que têm o poder de decidir. Têm-no de facto, mas não são os únicos. Desde receber propostas e apresentações pessoais que indicam "Faço-me cobrar o valor X" (quem decide o que pode pagar sou eu, lamento), até me enviarem candidaturas por mail, sem assunto, sem uma carta de apresentação ou um pequeno texto que seja e apenas o CV (do género: lê o CV e é se queres!) ou me dizerem - fazendo-se de parvos e "atirando o barro à parede" - que as despesas de deslocação são grandes e eu sei que apenas fazem 3km, porque eu já vivi na zona onde eles moram, entre tantas outras coisas, tudo me deixa de cara à banda. 

Que sacrifícios se fazem hoje para conseguir trabalhar? Que princípios regem esta parcela jovem, que não conhece o valor da humildade e a importância de ter um trabalho? Que sociedade temos que apenas se regula por distâncias e consumos, e nem sequer considera um transporte público ou uma alternativa ao conforto?

Sempre que me recordo como comecei... a ganhar uma miséria... a apanhar frio, chuva, vento, calor, o que fosse nos autocarros... a ser contagiada com gripes 3 a 4 vezes por ano... a trabalhar adoentada... a passar horas sempre a dar explicações sem uma pausa que fosse para beber água ou comer... a pagar todos os meus impostos... a não retirar quase dinheiro nenhum e apenas a fazer tudo isto por amor à profissão e pela consciência da importância de fazer um caminho... fico contente pelo que fiz e consegui. Mas depois olho para o que há hoje à minha volta e desanimo. Melhor...fico parva, mesmo!

Que mentalidade... Que país... (Que futuro?)


3 comentários:

Ana disse...

Não posso deixar de comentar... Façam todos esses esforços e mais alguns para ter trabalho, para trabalhar e pagar os meus impostos! Mas é muito complicado quando a margem que os patrões nos dão têm na base o teu ponto de vista! Se um dia eu fosse empresário não exigia de um colaborador mais do que ele pode dar, como se passa agora sempre com a desculpa da conjuntura! Não tem em justo pagar pelo pecador nem de ser mau só porque eu também passei por isso!

Joana disse...

Não consigo entender o raciocício de pessoas que se comportam assim, especialmente durante um processo de recrutamento. O que pensam que vão conseguir com isso?

Joana disse...

Comigo, não conseguem mesmo nada, Joana.