segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os focos da questão.


Faz-me uma confusão tremenda esta coisa da gente famosa (às vezes nem sei bem pelo que é famosa...) ser notícia nos Telejornais ao longo de dias. Primeiro, foi a Sónia Brazão. Sim senhora, a coisa foi grave, houve uma explosão de gás que a colocou em risco de vida. Agora por que carga d'água vamos andar aqui a especular se foi premeditado ou não, se andava feliz ou deprimida? Ninguém tem nada a ver com isso e, mais que tudo, nada dessa matéria se deveria prestar a um noticiário. Será importante, sim, averiguar se houve ou não intenção apenas num momento futuro, caso a senhora sobreviva, para aferir a sua impunidade ou não. De resto, que interessa isto a um jornalismo que se quer sério e isento dessas especulações?! Não seria viável, tal como aconteceu há tempos, saber se houve outros danos ou outras pessoas feridas? Não digo que não tivesse sido feita e divulgada essa informação, mas não foi, certamente, o foco da atenção.

Outra que tal é esta coisa do Angélico Vieira. Não é uma figura relevante, não é grande espingarda em qualquer uma das áreas que dizem ser as dele, é o antónimo da humildade e tornou-se famoso por namorar com uma rapariga também dita famosa, que sobrevive mais pelos seus talentos físicos que pelos profissionais. A verdade é que houve um acidente grave e, como qualquer outro do género, deve ser noticiado. Mas não será o cerne da questão a gravidade e a inconsequência dos actos que conduziram àquele final, e não o facto de estar uma figura pública envolvida? A que ponto da nossa evolução chegámos, quando a notícia se torna apenas divulgada durante longos períodos de tempo quando há uma figura de revista e de telenovela no foco central? O importante seria, sim, sublinhar as questões de negligência quanto à segurança dos passageiros (excesso de velocidade e ausência de cinto de segurança) e à inexistência de um seguro associado à viatura. 

Nesta "aventura" morreu imediatamente uma pessoa no local e uma miúda de 17 anos está internada ali, mesmo ao lado do dito "actor/cantor", no mesmo hospital, em situação igual ou pior. Mas no meio disto tudo, só um é notícia: aquele que dá linhas a textos cor de rosa. 

Triste, esta realidade.

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