segunda-feira, 7 de março de 2011

Da Luta pela Eurovisão.

Ora vamos lá à minha opinião (se é que interessa a alguém). Temos uns homens. Temos uma luta. Temos um festival da canção. Isto tem dado muita celeuma, diz-se muita coisa por aí, muitos concordam e aplaudem, muitos outros apupam e dizem que o país está perdido. Cá eu, que me entretive a ver o festival da canção, ainda crente de que alguma coisa de jeito podia sair dali, deixei-me estar e acabei por adormecer a meio das votações. É certo que também cheguei quase a adormecer a meio de algumas canções... mas avancemos. Na generalidade, e para não fugir à regra, as músicas a concurso eram francamente más e só havia uma de duas hipóteses - ou tinham boa letra e tudo o resto era mau; ou tinham boa melodia e tudo o resto era de descartar*. Estava curiosa para ver a atuação dos Homens da Luta, simplesmente porque não acreditava que passassem e queria perceber a dimensão desse fenómeno num cenário que não lhes era confortável. E o certo é que ganharam. E o também certo é que eu não estou nada contra. Passada a indignação e a cara em modo freeze de incredibilidade quando li as notícias na manhã seguinte, acabei por reconhecer que, sim senhora, faz sentido. A música não tem qualidade nenhuma, mas a letra é uma revolta pura, um gozo aos nossos governantes, ao que somos, ao que nos tornámos. Chega quase a ter um travozinho de intervenção. E pergunto eu, não será disso que precisamos? De ser abanados e de nos insurgirmos, irmos para a rua, mexermos o rabo de uma vez por todas? Para mim, a vitória dos Homens da Luta faz todo o sentido.  E o fundo com os cravos vermelhos, para quem se deu ao trabalho de o interpretar,  tem uma mensagem muito mais forte do que parece. Muito bem. Aguardo com expectativa a chegada à Eurovisão, quando os júris de todos os países tiverem acesso à letra traduzida e perceberem a porcariazinha que este país é e em que ese tornou.  E é bom que todos vejam, que se deixe de fazer teatro com as marionetas em que todos nos tornámos. Basta de maquilhagem, é bom que todos saibam o que se passa em Portugal, como o povo está descontente e, sobretudo, como, desacreditado de tudo, não se importa de ser envergonhado (porque nada mais há a perder) e leva uma música destas a um concurso internacional, visto em directo por umas boas dezenas de países. Os nossos governantes devem estar num delírio.
Sei que muitos não concordam, mas gostei que tivessem ganho estes palerminhas que, apesar de tudo, dizem muitas verdades. Não são burros nenhuns e sabiam, de antemão, que aquela era uma receita de sucesso. E souberam fazer muito bem a "campanha", admitemos. Não se enervem, meus amigos, nós nunca ganhamos nada e não. E se a Eurovisão é pura política, então joguemos o mesmo jogo, right?





* Minto. A do Axel, aquela do "Boom, boom, yeah não sei mais o quê", conseguia reunir numa só música  tudo o que  de mau podia existir. Estes artistas... sempre a inovar...



1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigaste-me a ir ouvir a música do Axel e devo dizer que não me parece muito diferente daquilo que costumam apresentar os outros países da Eurovisão. Tu gozas, mas se calhar quem ganhava era ele, tinha era de ter o refrão em inglês, mas acho que traduzir a parte do "boom boom yeah" não ia ser difícil...
K